Como você sabe se a sua empresa é lucrativa? Se vai ter dinheiro para pagar as contas? Se os preços dos seus produtos estão adequados? Se o capital investido pelos sócios está sendo remunerado de forma satisfatória? Se os custos e despesas não estão elevados? Essas são apenas algumas perguntas que precisam ser respondidas pelos gestores de uma empresa e as respostas são encontradas nas demonstrações contábeis.
As demonstrações contábeis são documentos elaborados por uma empresa para demonstrar o fluxo contábil e financeiro de um determinado período, normalmente 12 meses. São obrigatórias para empresas que tenham acionistas segundo a lei 6404/76.
Mas independente da sua empresa ser obrigada a fazer as demonstrações contábeis elas devem ser feitas e usadas como ferramentas de gestão empresarial, norteando o planejamento estratégico e o
planejamento orçamentário da empresa.
Nesse artigo vamos abordar como utilizar as demonstrações contábeis para melhorar a gestão empresarial.
Quais as demonstrações contábeis obrigatórias?
A estrutura obrigatória das demonstrações contábeis para empresas que tenham acionistas são:
- Balanço Patrimonial;
- Demonstração do Resultado do Exercício - DRE;
- Demonstração dos Fluxos de Caixa - DFC;
- Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido - DMPL;
- Demonstração do Valor Adicionado - DVA;
- Notas Explicativas.
Todas tem a sua importância, sendo que as mais utilizadas na gestão empresarial são o balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício – DRE e a demonstração dos fluxos de caixa – DFC, com esses 3 demonstrativos qualquer gestor consegue ter informações suficientes para fazer uma boa gestão empresarial.
Qual a importância do balanço patrimonial?
O balanço patrimonial é divido em 2 grupos, sendo o ativo que demonstra os bens e direitos e o passivo que demonstra as obrigações, separado por circulante (curto prazo, até um ano) e longo prazo (mais de um ano). Abaixo um balanço patrimonial resumido:
(+) ATIVO
(+) Circulante
(+) Realizável a longo prazo
(+) Permanente
(-) PASSIVO
(-) Circulante
(-) Exigível a longo prazo
(=) PATRIMÔNIO LÍQUIDO
(=) Capital social
(=) Lucros acumulados
O ativo demonstra como os recursos foram aplicados, separado em curto prazo, como caixa, bancos, aplicações financeiras de curto prazo, estoques, contas a receber ou adiantamento a fornecedores, normalmente esses recursos são os menos rentáveis, sendo necessários para as atividades operacionais da empresa e por longo prazo, que são imóveis, marcas, instalações, imóveis, veículos, tecnologia, etc e devem ser os mais rentáveis, porque demandam um tempo maior de retorno e consequentemente possuem um risco maior.
O passivo demonstra a origem dos recursos, podendo ser dos proprietários ou de terceiros, divididos em curto e longo prazo. A empresa sempre deve buscar uma remuneração maior para o capital dos sócios do que a remuneração do capital de terceiro, isso acontece porque o risco maior é dos sócios, então o retorno também deve ser maior.
Os recursos de curto prazo são empréstimos de curto prazo, fornecedores, adiantamento de clientes e impostos a recolher, os quais normalmente são os menos onerosos. Os recursos de longo prazo são os empréstimos de longo prazo e debêntures, os quais normalmente são mais onerosos.
Com uma simples análise do balanço patrimonial, podemos analisar vários indicadores financeiros, como os índices de liquidez (geral, corrente e seca), tesouraria, necessidade de giro e índices de endividamento (total, curto e longo prazo), a relação de capital próprio com o capital de terceiros, etc.
Com a análise dos índices de liquidez e endividamento o gestor consegue ter uma visão dos riscos financeiros que a empresa está exposta, tendo condições de aumentar ou diminuir a exposição ao risco, conforme o objetivo da empresa.
Na
gestão orçamentária e financeira não existe um padrão e com a análise dos indicadores financeiros e econômicos não é diferente, cada empresa deve analisar os indicadores mais aderentes ao seu negócio, considerando o seu cenário, segmento de atuação, cultura da empresa, etc, definindo se os índices estão bons ou ruins.
Vamos a um exemplo, a tesouraria é o ativo financeiro menos o passivo financeiro, traduzindo em linguagem não contábil seria as contas financeiras do ativo financeiro no curto prazo, como caixa e aplicações financeiras, menos a contas do passivo financeiro no curto prazo, como empréstimos e financiamentos a curto prazo. Normalmente as teorias indicam que o índice está bom quando está positivo.
Se o resultado for positivo quer dizer que a empresa tem reservas financeiras no prazo de um ano, com esse perfil a empresa normalmente é mais conservadora tendo um risco financeiro baixo, mas com retorno baixo do capital aplicado. Se o resultado for negativo quer dizer que a empresa não tem reserva financeira dentro do prazo de um ano, para pagar as suas obrigações financeiras, esse perfil é mais arrochado, sendo mais exposta ao risco, buscando um retorno maior do capital aplicado.
Então uma tesouraria negativa nem sempre é ruim, porque a empresa pode ter fontes de recursos disponíveis caso tenha necessidade, como por exemplo, limite de crédito aprovado em bancos, então ela pode trabalhar sem reservas financeiras em caixa, aplicado os seus recursos para potencializar o retorno. Ao analisar outra empresa que não tenha recursos financeiros disponíveis em caso de necessidade, uma tesouraria negativa é extremamente preocupante.
Esse indicador é apenas um sinalizador e a análise dos índices deve ser realizada combinando vários outros índices financeiros e econômicos, além de outros fatores como estrutura patrimonial, capacidade e custo de crédito, capacidade de transformar recursos imobilizados em dinheiro, entre outros.
Qual a importância do demonstrativo do resultado do exercício – DRE?
O demonstrativo do resultado do exercício – DRE demonstra os resultados econômicos da empresa, ou seja, demonstra se a empresa está tendo lucro ou prejuízo num determinado período, sendo apurado pelo regime de competência. Abaixo um resumo do DRE:
(+) Receita líquida (receita bruta – impostos sobre as vendas)
(-) Custos do produto vendido ou custo da mercadoria vendida
(-) Custos variáveis de venda (comissões, fretes, etc)
(=) Margem contribuição
(-) Custos e despesas fixas (pessoal, despesa comercial, despesa administrativa, etc)
(=) Resultado operacional
(-) Resultado não operacional
(=) Resultado Líquido
Ao analisar o DRE o gestor consegue verificar as taxas de lucratividade (% de lucro sobre as vendas), taxas de rentabilidade (% de lucro sobre ativo, passivo e patrimônio líquido), valor adicionado, entre outros.
Esses indicadores vão demonstrar se o capital dos sócios está sendo remunerado acima do capital de terceiros, se as taxas de retorno do investimento estão satisfatórias, se os produtos estão sendo vendidos com preços adequados, por fim, existem várias análises possíveis considerando o DRE.
Para uma boa gestão orçamentária e financeira o DRE é um dos principais relatórios, sendo a base para o processo de custos e de precificação da empresa.
A análise combinada do balanço patrimonial e do DRE resulta em vários indicadores, como rentabilidade do patrimônio líquido, rentabilidade do ativo total, custo de captação do passivo, giro do ativo, margem líquida, valor econômico adicionado, etc.
Todos esses índices devem ser analisados de forma combinada para que o gestor consiga ter uma visão geral de como a empresa está, conseguindo analisar se a empresa está muito ou pouco exposta ao risco? Se as taxas de retorno estão satisfatórias? Se a empresa está sendo lucrativa? Se os preços estão adequados? Se os custos estão adequados? Etc…
As respostas de todas essas perguntas é fundamental para uma boa gestão empresarial e o gestor precisa saber responder essas perguntas, para saber se a empresa está no caminho certo.
Qual a importância da Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC?
A demonstração dos fluxos de caixa – DFC demonstra a movimentação financeira (dinheiro) da empresa, com as respectivas entradas e saídas, sendo apurada pelo regime de caixa, é o demonstrativo mais comum das empresas, principalmente as de pequeno porte.
Deve registrar toda a movimentação financeira de um determinado período, registrando o menor saldo, nesse demonstrativo o projetado é mais importante que o realizado, porque devemos lembrar que as empresas quebram pelo caixa, ou seja, se faltar dinheiro no caixa para pagar as obrigações é o início do processo de falência.
Então preste muita atenção no seu fluxo de caixa projetado, porque ele vai indicar como está a previsão do futuro do saldo de caixa, caso tenha períodos que a projeção seja de ficar negativo, a empresa terá tempo para buscar recursos para cobrir esse saldo negativo ou para ajustar o planejamento estratégico para que o saldo não fique negativo.
Qual a importância da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL e da Demonstração do Valor Adicionado – DVA?
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL tem como objetivo apresentar as alterações no patrimônio líquido da empresa, ou seja, o quanto aumentou ou diminuiu a riqueza da empresa durante determinado período.
A Demonstração do Valor Adicionado – DVA tem como principal objetivo demonstrar a criação de riqueza durante determinado período e a forma que ela foi distribuída.
As Notas Explicativas são complementares as demais demonstrações previstas na lei e tem como objetivo esclarecer com mais detalhes os critérios de avaliação e valores que aparecem implícitos nas demonstrações, devendo contemplar os esclarecimentos sobre resultados e desempenho, sobre transições e patrimônio, práticas contábeis não explícitas nas demonstrações, entre outras.
Ainda existem os relatórios administrativos, os pareceres de auditores independentes, os pareceres do conselho fiscal, entre outros.
Todos esses demonstrativos ajudam a complementar as análises da situação econômica e financeira de uma determinada empresa, sendo que as empresas de sociedade anônima e/ou grandes empresas normalmente possuem essas análises.
Porém as empresas de médio e pequeno porte normalmente não fazem esses demonstrativos, sendo que uma empresa pode ser bem administrada sem esses demonstrativos (DMPL e DVA), logicamente fazendo um bom uso do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do exercício – DRE e da demonstração dos fluxos de caixa – DFC, além das análises que podem ser geradas desses 3 demonstrativos.
Conclusão
Uma boa gestão empresarial deve ser baseada nas demonstrações contábeis, principalmente no balanço patrimonial, da demonstração do resultado do exercício – DRE e da demonstração dos fluxos de caixa – DFC, que são os demonstrativos que fornecem as principais informações necessárias para uma boa administração de qualquer empresa.
Além dessas demonstrações contábeis serem base para vários outros sistemas dentro da empresa, como o
sistema de custeio, sistemas de precificação e sistema de controle de estoque, todos eles de fundamental importância para uma boa gestão empresarial.
A contabilidade deve apurar esses demonstrativos, mas a
controladoria deve projetar esses demonstrativos, fazendo a integração do planejamento estratégico e do planejamento orçamentário, fundamentais para o sucesso futuro de toda empresa.
A
XR Orçamentos é uma startup em gestão orçamentária inovadora, com consultoria e
software especialista na metodologia do
Orçamento Base Zero e do
Orçamento Matricial que ainda são pouco conhecidas no Brasil, mas que tem alto impacto na redução de custos e despesas, além de melhorar a eficiência operacional e administrativa das empresas, melhorando os resultados.